A Fuvest, vestibular da USP (Universidade de São Paulo), vai passar a cobrar conteúdos filosofia, sociologia, educação física e artes a partir da prova que será aplicada em 2025 -a Fuvest 2026. Esses conteúdos já são previstos no currículo escolar do ensino médio, mas, até então, não eram formalmente exigidos na Fuvest. Com a nova medida a Fuvest reforça a importância das disciplinas de Filosofia e Sociologia, enquanto na Bahia se discute a redução da carga horária.
A direção da APLB-Sindicato tem inclusive apoiado de perto a luta destes profissionais da Educação pelo aumento da carga horária. Um protesto na Secretaria de Educação (SEC), neste mês de dezembro, marcou o movimento e contou com a presença do diretor da APLB, Paulo Filgueiras.
Professores (as) de Filosofia, Sociologia e Artes da rede estadual de ensino da Bahia promoveram a manifestação com o objetivo de pressionar o governo pelo aumento da carga horária das três disciplinas.
APLB Apoia o Aumento da Carga Horária
O movimento das (os) educadoras (es) na Bahia, surgiu após a divulgação de uma proposta de matriz curricular da SEC que reduz a carga horária para as disciplinas. Depois disso, a pasta realizou uma consulta à categoria e deve, a partir dela, divulgar uma proposta final de matriz curricular para o Ensino Médio em 2025.
Recentemente, a APLB enviou um ofício à SEC solicitando a manutenção do diálogo, antes que seja publicada a proposta definitiva de novo currículo. A entidade também se reuniu com um grupo de professoras (es) das disciplinas para conhecer a proposta de matriz curricular elaborada por elas (es).
No mês de novembro, a direção da APLB recebeu, na sede da entidade, representantes de professoras (es) de Filosofia e Sociologia da rede estadual da Bahia, para conhecer detalhes da proposta de matriz curricular para 2025 elaborada pelo segmento. O objetivo das (os) professoras (es) é garantir a ampliação da carga horária para as disciplinas em questão.
Da reunião, participaram a vice-coordenadora do Sindicato, Marilene Betros, e os diretores de Educação, Arielma Galvão, Olívia Mendes e Luciano Cerqueira. Segundo a vice-coordenadora, as propostas foram ouvidas e a direção reafirmou o apoio à mobilização pela ampliação da carga horária de Filosofia e de Sociologia. “Comungamos com a proposta de elevar a carga horária destas disciplinas, até pela amplitude que elas possuem e pela necessidade de ampliar o pensamento desses estudantes, de acordo com a evolução do Século XXI”, afirmou Marilene Betros.
A reformulação na Fuvest está alinhada ao que define a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), documento que orienta o que deve ser ensinado em todas as escolas do país.
Na base, os conteúdos escolares são divididos em quatro áreas de conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas. No ensino médio, o documento já inclui como obrigatório que os alunos aprendam conteúdos de filosofia, sociologia, educação física e artes.
As mudanças foram aprovadas na semana passada no Conselho de Graduação da USP, depois de terem sido discutidas em grupos de trabalhos com professores de diversas unidades.
Um dos mais tradicionais vestibulares do país, a Fuvest também é conhecida por ter uma das provas com formato mais conservador, ou seja, com questões mais conteudistas e menos contextualizadas.
Há mais de 20 anos, o programa da prova não passava por mudanças estruturais.
PRÓXIMO VESTIBULAR TAMBÉM TERÁ MUDANÇAS NAS OBRAS OBRIGATÓRIAS
Como a Folha de S.Paulo revelou, a Fuvest 2026 também terá, pela primeira vez, uma lista de leitura obrigatória só com obras escritas por mulheres.
A partir da prova que será aplicada no ano que vem, os candidatos terão que ler obras das seguintes autoras: Conceição Evaristo, Djaimilia Pereira de Almeida, Julia Lopes de Almeida, Lygia Fagundes Telles, Narcisa Amália, Nísia Floresta, Paulina Chiziane, Rachel de Queiroz e Sophia de Mello Breyner Andresen.
Durante três anos, ou seja, nas edições 2026, 2027 e 2028, a lista terá apenas autoras. Até Machado de Assis, um clássico das leituras obrigatórias nos vestibulares, ficará de fora.
Com a mudança a Fuvest se coloca na vanguarda. Um levantamento inédito publicado pela Folha em novembro de 2023 mostrou que o vestibular da USP era a prova que, historicamente, menos exigiu obras escritas por mulheres, comparada a outras universidades bem colocadas no RUF (Ranking Universitário Folha). Nenhuma das universidades analisadas pelo jornal jamais teve uma lista de livros totalmente feminina.
Veja abaixo as listas completas das leituras obrigatórias para entrar na USP nos próximos anos.
FUVEST 2026
“Opúsculo Humanitário” (1853) Nísia Floresta
“Nebulosas” (1872) Narcisa Amália
“Memórias de Martha” (1899) Julia Lopes de Almeida
“Caminho de Pedras” (1937) Rachel de Queiroz
“O Cristo Cigano” (1961) Sophia de Mello Breyner Andresen
“As Meninas” (1973) Lygia Fagundes Telles
“Balada de Amor ao Vento” (1990) Paulina Chiziane
“Canção para Ninar Menino Grande” (2018) Conceição Evaristo
“A Visão das Plantas” (2019) Djaimilia Pereira de Almeida
Fonte: APLB SINDICATO