Um estudo recente do Instituto Alana, em parceria com MapBiomas e Fiquem Sabendo, acendeu um alerta sobre a precariedade ambiental nas escolas de educação básica no Brasil. A pesquisa revelou que 37,4% das escolas analisadas, entre públicas e privadas, não possuem áreas verdes, enquanto 20% estão localizadas a mais de 500 metros de praças ou parques. Cerca de 90% das escolas se encontram em favelas ou comunidades urbanas, revelando um cenário preocupante que impacta diretamente a qualidade do ensino e o desenvolvimento dos alunos.
A falta de contato com a natureza e de espaços adequados para atividades ao ar livre limita as possibilidades de aprendizado e vivências, especialmente em um momento em que a educação ambiental se torna cada vez mais crucial para a formação de cidadãos conscientes e responsáveis. As escolas, como espaços de formação integral, devem oferecer um ambiente propício ao desenvolvimento físico, cognitivo e socioemocional dos estudantes, e a ausência de áreas verdes configura um obstáculo a esse processo.
Mas a crise na educação brasileira vai além da infraestrutura física. A história da educação no país é marcada por contradições e desafios que se refletem na realidade atual. A influência religiosa e militarista, que marcou o desenvolvimento do sistema educacional, ainda se manifesta em práticas que priorizam a disciplina e a obediência em detrimento da autonomia e do pensamento crítico.
A militarização das escolas, por exemplo, é uma tendência preocupante que confunde educação com adestramento, ignorando a importância do desenvolvimento integral do indivíduo. É preciso resgatar o legado de educadores como Anísio Teixeira, Paulo Freire e Darcy Ribeiro, que defenderam uma educação libertadora e transformadora, capaz de formar cidadãos críticos e engajados na construção de uma sociedade mais justa e democrática.
O Plano Nacional de Educação (PNE), embora seja uma iniciativa louvável, esbarra em desafios de implementação. A falta de recursos, a fragilidade na gestão e a necessidade de ajustes para que esteja em consonância com a Constituição Federal são obstáculos a serem superados. A garantia do acesso ao ensino obrigatório e gratuito, a organização dos sistemas de ensino em regime de colaboração e a autonomia universitária são princípios constitucionais que devem guiar a construção de um sistema educacional sólido e democrático.
É crucial que a educação seja tratada como prioridade, livre de disputas de mercado e de ideologias que a desvirtuem de sua missão fundamental. A valorização da carreira docente, com formação de qualidade e condições de trabalho adequadas, é essencial para termos professores bem preparados e motivados. É urgente, e necessário se faz, A formação de Mestres cientistas e professores eleitos como “Guardiões da Ciência, do Desenvolvimento da Democracia, da Laicidade, da Unidade e Defesa do Estado de Direito”, é uma ideia que merece ser debatida e aprofundada.
Para fortalecer a educação e garantir que ela cumpra seu papel transformador, é preciso ir além. A inclusão de professores, pesquisadores e cientistas como atores-chave na estrutura decisória do país, com direito a eleger um conselho de representantes, como já ocorre em países como China, Uruguai e Rússia, é uma proposta que merece atenção. A expertise e o conhecimento profundo desses profissionais podem contribuir significativamente para a formulação de políticas públicas eficazes e para a defesa dos princípios democráticos.
A escola do futuro precisa ser um espaço de aprendizagem integral, que promova o desenvolvimento humano em todas as suas dimensões. Um espaço que valorize a criatividade, o pensamento crítico, a colaboração e o respeito à diversidade. Um espaço que prepare os estudantes para os desafios do século XXI, formando cidadãos conscientes, responsáveis e engajados na construção de um futuro mais justo, sustentável e democrático.
A educação é a base para o desenvolvimento social, econômico e cultural de um país. Investir em educação de qualidade é investir no futuro. É preciso que a sociedade brasileira como um todo se mobilize para garantir que a educação seja de fato um direito de todos e um instrumento de transformação social.
Escrito por: JOSÉ RIOS