É estarrecedor os ataques recorrentes que o país presencia em espaços escolares. A manhã de hoje registrou mais um ataque em uma escola da rede estadual de ensino de São Paulo. Um adolescente de 13 anos entrou na Escola Estadual Thomázia Montoro, na zona oeste da capital do Estado, e esfaqueou 4 professoras e um estudante. Dentre as docentes, a professora de Ciências Elizabete Tenreiro, que tinha 71 anos de idade, sofreu uma parada cardíaca depois do ataque e, infelizmente, veio a óbito.
A violência desses casos de ataque surpreende e estarrece a todos/as quando ocorrem. E não devem ser vistos como um mero caso de segurança pública. Trata-se de uma questão absolutamente complexa porque, primeiro, envolve um crime cuja autoria vem de um adolescente, o que por si só já deveria nos horrorizar a todos/as. Segundo porque o local desse tipo recorrente de ataque se dar em escolas deve nos indicar uma preocupação extra: ataques violentos em escolas, espaços por excelência de diversidade e tolerância, nos indicam a falência moral desses princípios basilares da convivência humana em sociedade. Por isso que a violência escolar nunca deve ser vista e tratada como uma questão meramente de polícia.
Quando a escola perde a capacidade de abrigar esses princípios que a constituíram historicamente e, até hoje, a constituem como um locus privilegiado da formação e aprendizagem humanas, a falência social, política e moral é de toda a sociedade. E a derrocada da escola como sendo o lugar privilegiado de fomento desses valores reflete algo muito maior que pouco é problematizado pela sociedade e tampouco pelos nossos meios de comunicação: um projeto educacional que fomenta a militarização de escolas e as práticas de deduragem dos/as estudantes contra professores/as em sala de aula, como forjado pelo movimento “Escola sem Partido”, bem como aqueles que incentivam a educação domiciliar, atacando o espaço da escola como necessário e imprescindível para a formação de nossas crianças, jovens e adultos, não pode mesmo eleger a escola como importante.
Toda nossa solidariedade à comunidade educacional da Escola Thomázia Montoro, bem como aos familiares e amigos da professora Elizabete Tenreiro! Hoje somos toda a dor do mundo para que, amanhã, esse luto se transforme em luta por uma educação que volte a valorizar a vida de seus/uas profissionais e que retome a escola como espaço de respeito e tolerância, nunca de violência!
Brasília, 27 de março de 2023
Direção Executiva da CNTE
Foto: Agência Brasil/Fernando Frazão