APLB cobra ampliação da formação continuada e melhores condições de trabalho para professores da Educação Especial na Bahia

 

Apenas 5% dos professores regentes da Bahia possuem formação continuada em Educação Especial — dado alarmante revelado pelo Painel de Indicadores da Educação Especial, elaborado pelo Instituto Rodrigo Mendes e divulgado pelo Portal Bahia Notícias. O levantamento aponta que, em 2024, o estado registrou mais de 181 mil matrículas de estudantes da Educação Especial, representando 5,3% do total de alunos da rede pública e privada, mas a formação docente ainda é um dos principais gargalos do sistema.

Para o coordenador-geral da APLB-Sindicato, professor Rui Oliveira, o dado expõe um problema estrutural grave na educação baiana:

“O número mostra que o Estado ainda não valoriza, de forma concreta, o papel do educador na construção de uma escola verdadeiramente inclusiva. Não se trata apenas de oferecer cursos pontuais, mas de garantir políticas permanentes de formação continuada, com condições reais de trabalho, remuneração digna e suporte pedagógico adequado”, destacou.

Rui Oliveira lembrou que, de acordo com o levantamento, 76,9% dos estudantes da Educação Especial estão matriculados na rede municipal, o que reforça a necessidade de investimento direto nos municípios, responsáveis pela maior parte do atendimento.

“Os professores das redes municipais enfrentam turmas numerosas, falta de recursos, salas de aula sem acessibilidade e pouca orientação técnica. É impossível falar de inclusão sem enfrentar esses problemas de frente”, afirmou o coordenador.

O estudo também mostra que mais da metade dos alunos (52,5%) possuem deficiência intelectual e 26,3% têm diagnóstico de autismo, o que exige preparo técnico e pedagógico específico por parte dos educadores. Ainda assim, em 13 anos, o índice de professores capacitados cresceu apenas 3%— de 2% em 2012 para 5% em 2024.

Para a APLB, a baixa oferta de formação e o enfraquecimento das políticas públicas de inclusão impactam diretamente na qualidade do ensino.

“A inclusão escolar não é apenas um direito do estudante com deficiência — é também um compromisso do Estado com a equidade. Quando o governo não investe na formação e nas condições de trabalho, quem paga o preço é o aluno”, completou Rui Oliveira.

A APLB defende que a formação em Educação Especial deve ser parte integrante da carreira docente, e não uma exceção. O sindicato cobra ainda o fortalecimento das salas de recursos multifuncionais, o aumento no número de profissionais de apoio e a estruturação das escolas para garantir o acesso pleno dos estudantes com deficiência.

“Não basta abrir matrículas. Inclusão exige preparo, investimento e respeito. O professor precisa ser visto como agente essencial dessa transformação”, concluiu Rui Oliveira.

📚 Fonte: Painel de Indicadores da Educação Especial (Instituto Rodrigo Mendes) e reportagem publicada no Portal Bahia Notícias em 08/10/2025.

Aplb

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